Desenvolvimento: o dia que o meu projeto parou

Desenvolvimento: o dia que o meu projeto parou
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Existem diversos tipos de débitos e o que todos eles tem em comum é que tornam a manutenção de um sistema muito custosa e delicada.

Por mais de dois anos, a Caelum tem feito um esforço sobre cortar diversos tipos de débitos técnicos, incluindo levar práticas ao extremo, como testes end-to-end em grid.

Uma forma de enxergar que devemos melhorar o processo de desenvolvimento é verificar que perdemos dinheiro ao tomar decisões ou muito cedo, ou tarde demais.

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O descuido gera débitos que cortam a produtividade de sua equipe. Também o excesso de cuidado, gera muitas trocas de decisões, visando o preciosismo técnico, pode levar a um atraso muito grande.

Além disso, uma empresa que espera 4 meses para colocar algo em produção pode ser uma empresa 4 meses atrás de seus concorrentes. Entregar valor tardio é ficar para trás.

Mas o que causa empresas ágeis a não entregar tão frequentemente?

Muito produtos criados em ambientes ágeis só são colocados em produção depois de muito tempo. Durante todo esse tempo, os únicos a testarem e aprovarem as funcionalidades são a equipe de QA e o Product Owner. Ao colocar este produto em produção depois de um ciclo tão grande, o cliente final vai encontrar os problemas que costumavam aparecer em metodologias tradicionais.

No lado gerencial, o Product Owner apresenta dificuldades em priorizar seu backlog de maneira a entregar valor, acabando por entregar funcionalidades. Além disso, é dificil aceitarmos algo "incompleto para o uso mínimo" e, na visão de quem é dono de um produto, o "mínimo necessário" acaba sendo maior do que o real e nunca é atingido para ser colocado em produção. É aí que seu projeto para: ele ficara sem entregas durante muito tempo.

Existe uma prática bem simples para um PO executar e perceber se possui essas dificuldades. Olhe seu penúltimo sprint e veja as funcionalidades que já estão sendo utilizadas por seu cliente. Agora jogue na fórmula:

GPD = (salario da equipe * pontos_desnecessários) / pontos_do_sprint

GPD é o Gasto que você teve com Priorização Desnecessária durante o penúltimo sprint. Ser ágil é entregar valor, e seus pontos estão sendo utilizados em funcionalidades completas sem tanto valor. Se existiam outras tarefas que entregavam valor para os usuários, a priorização poderia ter sido melhor.

Outra possível melhora na parte gerencial está na execução de testes somente por QAs e POs: o feedback não vem do cliente final. Devemos entregar cedo e frequentemente para receber feedback real, e não apenas do PO. Mas como alcançar isso se o produto possui um conjunto mínimo de funcionalidades, que é razoavelmente grande, para entrar em produção?

Assim como diversos ramos de software, adote o conceito de usuários beta. Ele possuem acesso a suas funcionalidades mais cedo, em servidores suficientemente estáveis que acessam dados de produção, rodando a última versão de seu produto, mas com o risco de algo dar errado. O conceito de beta potencializa a propaganda do seu produto, podendo criar uma legião de fanboys.

Na parte técnica, desenvolvedores tem percebido cada vez mais a importância de todos tipos de testes automatizados, controle de versão, integração contínua e outras práticas com base em XP, mas outra causa ainda mais comum de problemas em diversas empresas é o truck factor. Se durante a reunião de planejamento alguém responde que determinada tarefa é dele - pois ele "conhece mais aquela parte do sistema" - ou se alguém é o único que vota os pontos de parte do sistema; ou ainda se é comum esperarem por alguém para executar qualquer tarefa, está na hora de compartilhar mais o conhecimento e acabar com esse impeditivo antes que o truck acabe com ele. Parear e ensinar mais o que conhecemos permite que, ao invés de produzirmos por nós mesmos, diversas pessoas produzam através do que compartilhamos. Essa é a mágica do ensino, levado ao pareamento. Não parear por causa daquela parte ser responsabilidade de uma única pessoa é um paradoxo! É justo esse tipo de caso que mais ganha vantagens do pareamento.

O outro fator para desenvolvedores e sysadmins se perguntarem é quanto tempo leva para fazer deploy? Alguns dias? Se sim, a metodologia ágil que foi alcançada perdeu grande parte do seu valor pois o feedback rápido virou feedback semanal ou ainda mensal.

Apesar de processos de build automatizados junto com integração contínua serem importantes, deploy contínuo é cada vez mais fundamental.

Essas e outras práticas, gerenciais ou técnicas, servem para encontrar o que está implicando na não-entrega de valor ao cliente. Depois de detectado esse gargalo, devemos agir para melhorar nosso processo de desenvolvimento.

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