HTTP/2 Server Push na prática

HTTP/2 Server Push na prática
slopes
slopes

Compartilhe

Quando discutimos a performance do novo site do Alura, comentei do nosso uso do HTTP 2.0 e, principalmente, do recurso chamado Server Push.

Já comentei um pouco da teoria do Server Push no post sobre as novidades do HTTP 2.0. Mas como usar na prática? Vejamos.

O gargalo e o inline de recursos

Para renderizar uma página, o navegador precisa baixar muitas coisas além do HTML. Precisa de HTML, CSS, JavaScript, imagens, fontes etc. Isso em várias requisições diferentes que o navegador precisa fazer para obter os recursos necessários.

Só que um do maiores gargalos da Web é que ele precisa ler o HTML para, por exemplo, descobrir qual requisição de CSS ele precisa fazer. E aí ler o CSS para descobrir, por exemplo, qual imagem de background baixar. Isso pra tudo.

É bem ruim. A renderização fica bloqueada porque o CSS não carregou ainda, mas pra isso ele precisa baixar e ler o HTML primeiro. Cria-se uma árvore de dependências que muitas vezes acarreta em carregamento sequencial dos elementos da página.

Sabendo disso, muitas pessoas começaram a fazer o inline de recursos. Para evitar ter que esperar o HTML ser lido pra só aí requisitar o CSS, você pode embutir o código CSS direto no HTML nas tags <style>. Ou seja, evitamos uma segunda requisição para obter o CSS, que já vai junto com o HTML logo na primeira.

Isso é particularmente interessante em recursos blocantes que atrasam a renderização inicial da página. Em especial, o CSS necessário para renderizar o topo da página. Esse tipo de prática ficou conhecida como otimizar o Critical Rendering Path. Embute-se o CSS de cima da dobra e carregamos o restante de forma assíncrona.

Banner da Imersão Phyton: Inscreva-se gratuitamente na Imersão Phyton da Alura e mergulhe em análise de dados!

O que é o Server Push

O inline de recursos é útil e uma otimização necessária. Mas não deixa de ser uma gambiarra. É trabalhoso de fazer e, principalmente, ruim para o cache. Com o CSS embutido no HTML, ele não pode ser cacheado de forma independente e ser compartilhado por várias páginas diferentes.

Eis então que o HTTP/2 entra com seu Server Push.

O Server Push resolve o problema do inline direto no protocolo de forma simples e elegante. A ideia é que, quando o usuário requisitar o HTML por exemplo, podemos enviar a resposta do CSS junto mesmo antes de ele requisitar.

Ou seja, com uma única requisição, no HTTP/2, podem ser enviadas múltiplas respostas. Sem precisar fazer inline, sem matar o cache e de forma bastante simples.

Server Push nos servidores

O Server Push é um recursos interno do protocolo HTTP/2 que é binário e difícil de manipular na mão. Então os servidores começaram a pensar numa forma dos desenvolvedores expressarem quais recursos devem ser pushados. Não existe uma regra aqui mas parece haver um consenso se formando em torno de usar a RFC de Web Linking. É assim que o Apache faz e é assim que o Google App Engine faz (e como usamos no site do Alura).

É bem simples: na resposta, você inclui um cabeçalho Link que lista as URLs dos recursos adicionais que serão pushados para o cliente. O servidor lê esse header e faz as mágicas para transformar num server push.

A sintaxe da RFC de Web Linking manda a gente colocar a URL do recurso, o tipo dele e a relação que temos com ele. No caso, para o server push funcionar, queremos uma relação de preload.

Na prática, é mais simples que parece. Se quiser enviar o arquivo estilos.css, adicionamos o seguinte cabeçalho:

 Link: &amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;lt;estilos.css&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;gt;; rel=preload; as=style 

Podemos pushar vários recursos de uma vez:

 Link: &amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;lt;estilos.css&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;gt;; rel=preload; as=style, &amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;lt;home.css&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;gt;; rel=preload; as=style 

O servidor interpreta esse cabeçalho e oferecer para o navegador o push dos recursos listados como preload.

Para enviar o cabeçalho em si, use sua linguagem de backend favorita. Em PHP, basta um:

 &amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;lt;?php header('Link: &amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;lt;estilos.css&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;gt;; rel=preload; as=style'); ?&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;gt; 

Ou em Java:

 response.addHeader(&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;quot;Link: &amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;lt;estilos.css&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;gt;; rel=preload; as=style&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;quot;); 

Como ver o push

E como saber se tudo está funcionando e ver na prática a diferença? Ao acessar a timeline dos requests no DevTools ou alguma outra ferramenta, você vai observar que a resposta do CSS vem imediatamente após o HTML. Ela foi pushada antes mesmo do HTML ser parseado pelo navegador.

Eu gosto de usar o WebPageTest. E ao observar o waterfall conseguimos ver duas coisas:

Screenshot 2016-03-22 17.09.44

Primeiro repare que o CSS é baixado logo após o HTML. Dá pra ver analisando a barrinha azul do segundo request logo após o fim da barrinha azul do primeiro (HTML). E ao clicar em algum recurso que foi pushado, o WebPageTest mostra uma janela onde é possível ver Loaded By HTTP/2 Server Push.

No site do Alura, usamos push para CSS e algumas web fonts.

Porque Server Push é excelente

O server push é muito simples e elegante de usar. Coloca um header simples e pronto, a mágica tá lá. Bem melhor que fazer inlines estranhos e atrapalhados na mão.

E ele brilha no fato de ser totalmente integrado ao protocolo e ao cache do navegador. Se o recurso já estiver no cache, o navegador pode instantaneamente recusar o push e evitar download duplicado. Os recursos pushados continuam sendo URLs e recursos independentes, logo possuem seus próprios caches individuais que podem ser bem otimizados.

Com o push e com o multiplexing do HTTP/2, diminui também a necessidade de se concatenar arquivos CSS e JS, e de se fazer sprites de imagens. Você pode pushar vários arquivos CSS de uma vez o que seria quase como concatenar e inlinear tudo.

O Server Push é uma das melhores novidades do HTTP/2. O suporte nos servidores ainda não é universal mas tem melhorado. Alguns navegadores HTTP/2 às vezes não suportam o push e o ignoram (como o Safari 9.0). Mas o suporte está crescendo rápido!

Alguns servidores têm experimentado com formas mais automáticas e espertas de fazer o push. O Jetty por exemplo possui um filtro que analisa o tráfego do seu site e descobre automaticamente quais recursos vale a pena pushar. E faz isso de forma transparente, basta habilitar o recurso.

E você já usa HTTP/2 no seu site? Tem casos de uso para o server push?

Veja outros artigos sobre Front-end