Design Sprint: onde o design e a velocidade importam

Design Sprint: onde o design e a velocidade importam
Carla De Bona
Carla De Bona

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Da minha experiência ao trabalhar com startups nos últimos anos, como UX/UI designer, posso dizer que muitas vezes você é obrigado a fornecer soluções rápidas para problemas que as vezes não são tão claros assim. Outras vezes, você encontra uma solução para o problema, mas não tem como validá-lo antes de ter o produto propriamente dito. Geralmente, isso acontece por que falta tempo ou orçamento, ou até por que não há ainda uma cultura de UX tão estabelecida. Foi buscando melhorar essa equação, tempo versus processo de UX, que acabei descobrindo o Design Sprint. Com a atualização do curso de UX da Caelum, esse conteúdo também passou a fazer parte da ementa e aqui nesse post você vai aprender um pouquinho sobre o que é e quais etapas compõem o design sprint.

Esse método foi desenvolvido e anunciado pela Google Ventures, um braço do Google criado em 2009, que atua de forma independente e procura acelerar empresas que possam ter futuro, em diversas áreas como em Internet, software, hardware, biotecnologia e cuidados de saúde. Para você ter ideia, a Google Ventures já investiu em cerca de 300 empresas de diversos tipos de atuações, entre elas, uma das startups que mais tem causado barulho no mercado mundial nos últimos tempos, a Uber.

O que é o Design Sprint, afinal?

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O Design Sprint é uma metodologia centrado no usuário, iterativa, prática e colaborativa. Se baseia em design thinking e metodologias ágeis para que as equipes possam criar e prototipar soluções de forma bem rápida, previsto para 5 dias. Ao invés de gastar horas e mais horas de desenvolvimento para lançar um produto e só depois conseguir entender se a ideia é boa ou não. O Design Sprint oferece um atalho de aprendizado, onde é possível elaborar e testar praticamente qualquer ideia em apenas 40 horas, sem precisar construir e lançar o produto propriamente dito. Se você parar para pensar, inclusive, esse método, vai de encontro com uma das premissas do Lean Startup: testar hipóteses rapidamente e acelerar o aprendizado.

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Mesmo sendo um processo de curta duração, de 2-5 dias, o Design Sprint é formado por etapas que ora amplia a sua visão do problema, ora foca em algo específico. Em uma visão geral de cada etapa, o que acontece é o seguinte:

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ENTENDER/DEFINIR Na primeira etapa o foco é buscar um melhor entendimento do problema proposto pela equipe como um todo. Nessa etapa é super importante que as pessoas compartilhem seus conhecimento sobre aquele problema, isso porque a experiência e conhecimento do time é sempre assimétrica, por exemplo: vendas sabe coisas que o desenvolvimento não sabe, suporte ao cliente conhece as coisas que o design não sabe e assim por diante.

DIVERGIR Busca-se explorar tantas ideias quanto for possível, esse é a fase onde tudo é possível. A princípio parece um processo de brainstorming, mas nessa etapa cada indivíduo do time vai começar trabalhando sozinho para desenhar soluções detalhadas no papel e não em grupo como é um típico brainstorming. Isso se faz dessa forma, pois como Jake Knapp (criador e evangelista do Design Sprint) percebeu, as melhores ideias tendem a vir de indivíduos e não de grupos. O problema é que grupos tem dinâmicas onde não necessariamente as melhores ideias sobrevivem, mas sim, as ideias que são mais bem vendidas e contadas com mais empolgação por alguém do grupo. Você, com certeza, já participou de trabalho em grupo e de alguma forma percebe que o indivíduo mais articulado sai em vantagem de um indivíduo mais introspectivo em situações de dinâmicas de grupo. O que o design sprint tenta fazer é eliminar essa vantagem para que todas as ideias tenham o mesmo peso.

DECIDIR Na terceira etapa, você terá mais de uma dúzia de soluções para você e seu time escolher. É o momento das decisões difíceis e onde as dinâmicas de grupo também atrapalham um pouco na tomada de decisão. O que se passa em um grupo é que normalmente se toma decisão por consenso e, na maioria das vezes, consenso escolhe o caminho mais fácil de aceitar e gerar menos atrito entre o grupo, isso faz com que as ideias mais corajosas ou mais integras acabem ficando de lado. Novamente, o design sprint tenta eliminar isso, por exemplo, usando uma técnica chamada dot voting (você pode ouvir falar dela também como zen-voting).

PROTOTIPAR Nessa fase o objetivo é prototipar a solução pensada pelo time. Aqui é importante ter ao fim do dia de trabalho um protótipo de média/alta fidelidade, pois como ele será testado com usuários reais, um protótipo de baixa fidelidade não lhe daria um feedback claro e efetivo. Como você e seu time só tem um dia para prototipar é super importante que o time seja muito produtivo e de preferência trabalhe com ferramentas de prototipagem com as quais o time já esteja habituado.

VALIDAR Depois de todo o trabalho nas etapas anteriores, a questão mais importante que ainda nos resta é “Como podemos saber se nossa ideia é boa?”. É nessa fase que a gente recebe a resposta para essa pergunta já que você vai mostrar os protótipos para os potenciais usuários do produto. Nesse momento o usuário vai interagir com o seu produto e lhe dar feedback real sobre que experiência ele está tendo. Óbvio que quando uma ideia arriscada tem êxito nessa etapa é uma recompensa fantástica para equipe de trabalho pois gera motivação instantânea. Mas é, na verdade, os fracassos nesse processo que, mesmo doloroso, fornecem o maior investimento, pois, afinal de contas, seu time soube que teria que buscar outro caminho ou desistir da ideia em apenas 5 dias de trabalho.

Nesse post você pode ter uma visão geral do método e notar que o design sprint é todo estruturado para que você gere boas ideias, selecione-as e valide-as. :)

Carla De Bona
Carla De Bona

Carla é designer com mestrado em Comunicação e Semiótica pela PUC. Como consultora para sprint design e UX/UI participa em grandes eventos de tecnologia como palestrante e cria workshops para iniciantes na área, tanto como mentorias para startups. Co-fundou {reprograma}, uma iniciativa que quer trazer mais mulheres na área de tecnologia, que hoje tem parceria com a Estação Hack do Facebook.

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